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Pessoas que queremos que você conheça...

Atualizado: 20 de dez. de 2020



Energia para transformar


Como uma pequena cidade como Itapoá, em Santa Catarina, cria condições para seu desenvolvimento social? As respostas de Eduardo Rosário de Souza, uma das mais jovens lideranças do local, apontam caminhos e soluções para um progresso constante e inovador.


Apesar de ter apenas 21 anos, você já se dedica à ação comunitária há muito tempo. Como foi crescer com esse pensamento em um local como Itapoá?

Moro aqui desde que nasci. Sempre tive muita participação em movimentos de jovens da cidade. Comecei com uns 13 ou 14 anos; meus pais já participavam desse movimento social por meio de voluntariado, então sinto que é algo que já vem de berço. Ia com eles aos eventos em que prestavam algum tipo de ajuda, e essa postura foi passada para mim. Desde que me conheço por gente auxilio os outros em tudo que posso.


Trabalhamos aqui com vários tipos de abordagens. Atendemos a todos os pedidos que são feitos. Gostamos de trabalhar com a parte pesada das ações sociais. Já nos solicitaram, por exemplo, que limpássemos o cemitério da cidade. Em outra vez, que recolhêssemos a sujeira da praia... Esse tipo de coisa. Também participo de atividades da Associação Comunitária do Pontal e Figueira (ACOPOF), a associação de moradores daqui.


De maneira geral, Itapoá ainda tem uma participação comunitária tímida; no entanto, estamos trabalhando para mudar essa situação!


Como se dá seu trabalho por aí? Você sente que faz algo diferenciado?

Na verdade, eu sempre fui muito empenhado. É comum que eu seja quem mais acumula responsabilidades nesses movimentos. Além disso, sempre motivo os outros a fazer mais. Eles vão porque eu as convido, incentivo. Chego nas pessoas e falo “vamos participar!”.


Elas veem uma referência em mim nesse ponto. Os jovens daqui veem quem está fazendo, quem está participando, e procuram se espelhar nesses comportamentos.


Você conseguiu trazer mais gente aos movimentos sociais?

Sim! Sempre falamos a linguagem dos jovens; damos a ele atividades de seu interesse. Nós nos empenhamos e eles vêm conosco. Aqui no município, por exemplo, gostam muito de esporte. A partir dessa informação, planejamos o que faremos para convidá-los a participar. Recentemente, fizemos um campeonato de futebol e vôlei para atrai-los. Funcionou: vieram aproximadamente cinquenta pessoas, das quais dez ficaram conosco no voluntariado.


Assim como os jovens se espelham em você, você tem alguém que lhe inspira?

Certamente. Além da influência de meus pais, já citada, sinto isso vindo de meu avô, Paulo Neres. Ele é uma grande liderança aqui na comunidade. Já foi vereador, inclusive. É uma pessoa bem influente, apesar de estar mais afastado atualmente. Sua vida sempre foi trabalhar em prol da comunidade. Já trabalhou na Prefeitura, combatendo a pobreza, foi presidente do movimento da igreja, fundou uma associação de bairro junto com outros moradores... Não sou só eu; muitos aqui se referenciam nele. Até hoje sou chamado de “neto do Seu Paulo” (risos).


Vejo que muito do que sou é reflexo dele e de meus pais. Sempre os vi participando, fazendo ações pela comunidade. Cresci observando essa vontade de diminuir um pouco o sofrimento das pessoas. Sempre conversávamos em casa sobre ajudar os outros, sobre voluntariado. Eu e meus irmãos fomos bastante influenciados por isso.


Houve uma época em que você perdeu o interesse em ajudar os outros. Como foi despertar essa vontade novamente?

Sim, tive meus conflitos internos. Alguns problemas pessoais e familiares fizeram com que eu deixasse de participar tão ativamente das ações. Isso durou um ou dois anos.


Aos poucos, observando os problemas pelos quais Itapoá ainda passa, comecei a sentir novamente essa vontade de colaborar. O incentivo familiar também foi decisivo: ouvia que deveria voltar a ajudar, que não seria bom para mim e para os outros que eu ficasse apenas em casa. Voltei a participar das ações definitivamente, e nunca mais pretendo parar. Voltar foi algo natural, que eu estava sentindo. É algo que tenho em mim, não deixo morrer.


Hoje, quando aparece uma oportunidade de ajudar, se estiver ao meu alcance, estou dentro.


Você acredita que Itapoá precise do que para avançar enquanto comunidade?

Há muitos obstáculos aqui que estão sendo resolvidos. No entanto, acredito que o maior deles seja a passividade por parte da população. Muitos criticam demais e são, ao mesmo tempo, acomodados. Por exemplo: se há uma rua esburacada, uma possível solução seria unirem-se e, juntos, resolver esse problema, já que se trata de algo de seu interesse. Mas ainda não possuem essa mentalidade.


Muitas coisas das quais reclamamos possuem uma resolução ao nosso alcance. Nós, enquanto cidadãos, podemos batalhar por isso. Somos moradores, somos a comunidade. Deixar tudo nas mãos do poder público não é certo. Também somos parte da resolução dos problemas.


Se cada morador fizer um pouco, as dificuldades aos poucos serão resolvidas. Se a comunidade se mobilizar em prol de um objetivo, ela consegue!


Conte um pouco sobre os projetos que está desenvolvendo atualmente por meio da Communitaria.

Senti bastante identificação com o trabalho que estou realizando aqui. Penso que é algo com que sempre quis trabalhar. Estou em quase todos os projetos de 2017; vou falar sobre alguns deles.


O Líderes do Futuro é para os jovens, para despertar neles espírito de liderança comunitária. Envolve três bairros do município (Pontal, Figueira e Jaguaruna) que sofrem influência direta do Porto Itapoá, unindo-os para que proponham ideias de melhorias na comunidade. Três delas foram desenvolvidas: voluntariado nas escolas, ajudando-as com tarefas cotidianas, cursos profissionalizantes para o bairro e a criação de uma biblioteca comunitária.


O Ampliar é composto por pessoas das três comunidades, trabalhadores do porto e técnicos. São cinco comissões: Agricultura e Pesca, Geração de Renda, Tráfego, Esporte e Lazer e Comunicação e Cultura. Nele, discutimos problemas da comunidade existente na região do porto. Debatemos, todos, para tentar resolver as dificuldades existentes. Os moradores trazem ideias interessantíssimas. Aos poucos, estamos conseguindo envolver a comunidade.


Entre as ações propostas no Ampliar, temos o Catando a Cultura, que ministra aulas de música para jovens e a Academia Cultural, que busca resgatar a cultura local, como o fandango e tradições religiosas. Há também o Navegando na Web, que utiliza computadores doados para qualificar a população com cursos de informática e logística. O Geração de Renda disponibiliza um estoque de materiais disponíveis para artesãos, que o repõem após venderem seus produtos. Por fim, há aulas de capoeira na escola local, aulas de jiu-jitsu na sede da associação de moradores e um projeto de melhora do campo de futebol do bairro.


Todo os projetos possuem bastantes inscritos. A população está animada, querendo participar. É necessário instrui-los, lembra-los de que sempre devem acompanhar o andamento dos projetos, dar continuidade ao trabalho. Assim a comunidade tem mais força na hora de trabalhar por avanços.


Para você, liderança comunitária é algo que veio naturalmente. Quais os valores que acredita serem necessários para que essa característica se desenvolva?

Acredito, de maneira geral, que a comunidade funcionará melhor se possuir líderes inspiradores, que a impulsionem. As lideranças incentivam pessoas (os jovens, no meu caso) a dar continuidade às melhorias.


É necessário que haja espíritos solidários, que queiram ajudar os outros. Penso assim: hoje é outra pessoa que está precisando de ajuda; amanhã, essa pessoa pode ser eu. Então, alguém deve estar presente, sempre. Cada vez mais precisamos de pessoas dispostas a se doar por seu entorno. Isso é liderança, é exemplo.


O líder comunitário deve possuir disposição e força de vontade. No entanto, não pode ser autoritário. Não pode impor suas ideias. Ser chefe é diferente de ser líder; é necessário escutar os anseios da comunidade, e ouvir mais do que falar. Assim, depois ajudará da melhor maneira possível. É preciso força de vontade para batalhar sem nunca desistir. As críticas, também, têm de ser encaradas como um aprendizado, não como obstáculos.


Precisamos mostrar para as pessoas que há um caminho melhor. Logo no começo, vi que era difícil. Mas coloquei em minha cabeça que iremos sempre para a frente. Precisamos trabalhar para isso!


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