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Atualizado: 20 de dez. de 2020


Família Penido: o legado da educação


À frente do Conselho da fundação que leva o nome de seus pais, a filantropa Rosa Penido Dalla Vecchia atua por melhorias na educação e oportunidades para crianças e jovens das regiões do Vale do Paraíba (SP) e Vale do Araguaia (MT). Mas as bases da Fundação Lucia e Pelerson Penido (FLUPP) têm raízes muito mais profundas.


Qual foi o ponto de mudança? Em que momento de suas vidas vocês sentiram o desejo de criar uma fundação para ajudar a comunidade?

Esse desejo sempre existiu, mas cresceu quando o patrimônio de meus pais veio para nossas mãos. Para nós, sempre foi claro que uma parte do que nos caberia teria por finalidade o bem comum. Como meu pai já era idoso, a ideia de constituir uma fundação para homenageá-lo tornou-se prioritária.


Começamos a pensar na criação de uma instituição. Logo surgiu a primeira dúvida: uma fundação ou um instituto? Conversamos com especialistas e optamos por constituir uma fundação não só pelo seu caráter de perenidade como também porque tem regras claras e a vigilância do Ministério Público. A ideia é que a FLUPP (Fundação Lucia e Pelerson Penido) sobreviva a nós, que ela possa contribuir para uma sociedade melhor. Entre pensar, decidir, e implementar, creio que foram três meses de trabalho intenso, no qual tivemos muita ajuda.


Por que atuar em Educação?

Inicialmente, pensamos em várias áreas. Nosso país precisa de tantas coisas, não é? Cogitamos saúde, infraestrutura, combate à fome... Mas em todas as discussões que tivemos chegávamos sempre na temática da educação, porque ela é o começo de toda mudança.


O indivíduo esclarecido, com senso crítico, é capaz de fazer escolhas mais conscientes, de lutar por seus direitos e de cumprir seus deveres. Concluímos que a educação é o único instrumento de transformação de uma sociedade, e que poderá transformar, no longo prazo, o nosso país, tornando-o mais ético e menos desigual.


É um caminho longo, com certeza. Mas a gente tem que acreditar. Apesar das dificuldades, tem muita gente boa trabalhando nesse sentido.


Quais os valores da família Penido que a Fundação leva adiante?

O que aprendi com meus pais, e que foi uma ideia sempre presente em nossa família, é que nós temos responsabilidades para com nosso próximo.


Acreditamos também no comprometimento, no respeito, no trabalho e, principalmente, na paixão. Precisamos acreditar no que estamos fazendo, ter brilho nos olhos. Esses são os valores que nos norteiam, tanto a minha família como a equipe da FLUPP e nossos parceiros.


Do começo da FLUPP até hoje, como vê as transformações nas cidades em que atuam?

O que pudemos perceber, ao longo desses anos, é que as pessoas, principalmente os professores, sofreram uma transformação: sentem-se olhados, valorizados. Estão fortalecidos e entenderam melhor o poder que têm em mãos. Crianças e jovens também foram impactados. Percebemos que agora dispõem de oportunidades às quais não tinham acesso antes da chegada da FLUPP. A melhoria do ensino é visível sob muitos aspectos. Também temos um foco grande na cidadania, nas noções de direitos e deveres, e isso também se ampliou.


As mudanças só começaram. É uma transformação lenta, cujos efeitos poderemos sentir em gerações futuras. Mas já observamos mudanças concretas na participação dos pais, professores, comunidade e poder público. Nossa experiência tem sido muito positiva.


Historicamente, o educador foi desvalorizado; assim, sua crescente valorização é um movimento importante. “Tudo começa pelo professor”; “ele está por trás de todos os profissionais”. A mídia fez um bom trabalho também. Nos municípios apoiados pela Fundação, acontecem cursos de formação, prêmios, viagens culturais, seminários são promovidos. O profissional se sente parte de algo maior. Essa percepção é transformadora.


Nossa ideia (e este é um dos pilares da FLUPP, principalmente no nosso programa focado em Educação Infantil) é transformar o que é essencial para as comunidades em políticas públicas. O objetivo é fazer com que as coisas boas sejam legitimadas pelas Prefeituras. Nosso compromisso é com a política educacional, que a gente quer que dê certo para benefício das crianças, dos jovens e de toda a comunidade.


No longo prazo, como se dá o término dos projetos e início de outros?

No programa VIM (Valorizando uma Infância Melhor), que abrange a Educação Infantil, por exemplo, os projetos têm uma duração de quatro anos. Há a formação dos professores, projetos comunitários, oficinas, em alguns municípios, apoio na infra estrutura. Os grupos locais vão aprendendo sobre gestão, sobre captação de recursos. No último ano, vamos fazendo uma saída da cidade aos poucos e indo para outros municípios. Dentro desse processo, essas cidades formam um polo, unindo educadores que se encontram periodicamente para trocar ideias e dar continuidade aos projetos. Ou seja, vamos saindo, mas deixando um legado, acreditando que isso vai ficar para sempre. Antes atuávamos em quatro municípios; agora já são oito. Juntas, as pessoas podem trocar, aprender e reivindicar. É mais forte acreditar compartilhando. Ou compartilhar, acreditando.


A FLUPP investe em pessoas que promovem mudanças localmente. A senhora acredita que indivíduos possam ser despertados para a visão comunitária, para liderar mudanças?

Essa é a ideia que nos move. Não ficaremos nos municípios para sempre; então, é necessário investirmos no ser humano. Gestores, educadores, crianças, famílias. E investimos também nos líderes, porque acreditamos que são eles os protagonistas na construção de uma sociedade melhor, não apenas hoje, como também no futuro. Podemos lançar a semente, mas só as pessoas inseridas no meio podem promover essa transformação. Sabemos que se trata de um investimento no coletivo, que só trará resultados por meio da ação desses indivíduos e as comunidades. Não temos dúvida disso.


Esses líderes aparecem naturalmente. Pessoas que guiam, que têm esperança, que são professores, educadores, líderes, justamente porque acreditam. É uma coisa que conta muito para nós. Temos uma experiência bastante positiva em relação a isso.


Ainda sobre lideranças comunitárias, qual o papel do investidor social nisso tudo?

O papel do investidor social é primeiramente querer e acreditar na mudança. Tem que buscar pessoas capacitadas e de bem para ajudá-lo. Tem que encontrar nas comunidades pessoas de boa vontade que possam provocar essas transformações, capacitá-las e apoiá-las.


Do lado prático, acredito que o investidor social tem, também, que acompanhar e monitorar os projetos. Eles precisam ser avaliados e corrigidos sempre que necessário. Além dos recursos financeiros, é necessário participar, inteirar-se dos acontecimentos, estar próximo.


O principal, no entanto, é não desistir diante das dificuldades. Diante das adversidades é preciso ter sempre em mente que as mudanças não acontecem da noite para o dia. É preciso ser resiliente e não perder o brilho dos olhos. E sempre, insisto, acreditar que estamos contribuindo para uma sociedade melhor e mais justa.


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